José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Nas mãos do Brasil, o grande desafio de unir o Mercosul e a União Europeia

O Brasil assume a presidência do Mercosul em busca de superar obstáculos e estabelecer a tão esperada aliança com a União Europeia

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O Brasil vai assumir, agora em julho, a presidência do Mercosul, embalado na esperança e no compromisso do Presidente Lula de que  a aliança com a Comunidade Europeia seja finalmente celebrada até o final deste ano de 2023. A presidência do organismo regional, que estava nas mãos da Argentina, já havia sido passada aos brasileiros, quando o ministro da Cultura argentina, Tristán Bauer, no início de junho, entregou o Mercosul, simbolicamente, à ministra da Cultura Margareth Menezes.

Não será uma tarefa fácil. Lula chega à presidência do Mercosul num momento de grande expectativa em torno do desenvolvimento da região, do estreitamento de laços entre os países-membros, de expansão e fortalecimento das relações políticas, comerciais e consolidação dos princípios democráticos. Mas é, também, numa mesma dimensão, uma fase de enormes desafios e empecilhos, causados pelo crescimento da extrema direita, por manifestações contrárias à democracia e por descompassos entre os interesses da América do Sul e países desenvolvidos, como Estados Unidos e nações europeias.

Um desses pontos de desencontro está nos posicionamentos de países do porte da França, que têm colocado entraves à celebração do acordo com a comunidade latina. Uma demonstração clara dessa animosidade foi dada no último dia 13 de Junho, quando a Assembleia Nacional da França aprovou, por 281 a 58 votos, uma resolução contrária à ratificação do acordo de livre comércio entre a Comunidade Europeia e o Mercosul.

MANIFESTAÇÕES FAVORÁVEIS

Esse acordo, que vem sendo negociado desde 1995, nunca se concretizou, apesar de manifestações por vezes favoráveis de ambas as partes, permanecendo as dúvidas sobre as possibilidades concretas dessa aliança, que abriria, por certo, espaços para o crescimento comercial nas relações entre os dois blocos. Muitos, contudo, não enxergam dessa maneira.

PARLAMENTO FRANCÊS

As manifestações do parlamento francês, da semana passada, são mais um obstáculo a ser vencido. Os franceses, como outras nações, temem que a presença de produtos brasileiros e de outros países no território deles, possa prejudicar sobretudo a produção agrícola, um sinal de fragilidade, de dificuldade competitiva . Eles entendem, conforme está dito na resolução, que o acordo “fragiliza nossa agricultura, enfraquece nosso planeta, não é bom para ninguém”. A resolução da Assembleia Nacional Francesa não tem poder de lei, mas representa um revés político bastante significativo às negociações e pretensões do Presidente Lula, que ele parece disposto a vencer. 

VIAGEM À EUROPA

Daí, essa viagem que o Presidente Lula iniciou na noite desta segunda-feira à Europa, com encontro já agendado com o Presidente Emmanuel Macron, está merecendo uma atenção especial. Lula já disse que quer conversar com o presidente Francês sobre as reais dificuldades na finalização desse acordo e fazê-lo entender da importância que isso representa para o desenvolvimento das duas regiões. Lula entende que não cabe aos parlamentares franceses fazer ameaças punitivas a um dos parceiros, no caso o Mercosul, que propõem uma aliança que se apresenta como salutar aos dois lados.

VANTAGENS DE LIDERANÇA

Para o Presidente Lula, que passará a presidir o organismo, firmar esse acordo será de enorme significado, não apenas pelos 28 anos decorridos nas tentativas, mas pela razão em si mesma de que o Mercosul é o grande expoente brasileiro no cenário internacional, nas relações econômicas e até mesmo políticas, permitindo uma maior estrutura de negociação ao gozar de status de bloco econômico. Essa posição, aliada ao notável avanço nas relações com o BRICS, que se fortalece cada vez mais, sem dúvida colocará o Brasil num patamar elevado no cenário econômico, com vantagens inegáveis de liderança.

A tendência natural dos arranjos políticos que estão em movimento, é a de que o Mercosul cada vez mais andará numa linha de aliança com países mais alinhados ao Brics. Ou seja, com aspirações e práticas que se diferenciam e se distanciam das práticas políticas e comerciais exercitadas historicamente pelos Estados Unidos, e, no outro sentido, próximas, progressivamente, às novas formas de relações estabelecidas pelos países do bloco, com destaque para a China.

CONJUNTO DE FORÇAS

Diferentemente do que demonstra pensar, querer e agir um país-líder feito os Estados Unidos, o Mercosul é pensado não apenas como objetivo de construir uma mera zona de livre comércio que integrasse os países periféricos e dependentes do Cono Sul aos fluxos de investimentos globais. Mas um conjunto de forças capaz de gerar verdadeira integração econômica, que facilite livremente a movimentação de bens e fatores produtivos, com força e influência para negociar e relacionar-se por igual com outros núcleos importantes, como a União Europeia.

Cabe ao Presidente Lula, agora, como nunca, essa tarefa de tornar o Mercosul bem mais visto e de conquistar essa difícil aliança com a União Europeia.



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