José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Nobel da paz é um aplauso à luta contra a opressão à mulher

Trazer Narges Mohammadi ao altar do reconhecimento mundial, significa colocar em maior evidência a estúpida, histórica e crescente opressão que as mulheres sofrem em sua pátria

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Esta semana que se finda, marcada pelo abominável massacre de quatro médicos no Rio de Janeiro, um crime de execução atribuído às milícias que dominam a saudosa “cidade maravilhosa”, trouxe-nos dois sinais de alento, de esperança, de que coisas boas também acontecem no Brasil e ao redor do mundo. 

Aqui no Brasil, a Academia Brasileira de Letras acolheu entre seus pares o filósofo Ailton Krenak, um originário dos povos indígenas que leva a vida pessoal, acadêmica, intelectual, a lutar pelas causas dos nossos povos originários e pelas questões sempre mais relevantes do meio ambiente, da preservação da natureza. Krenak é o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na ABL, que rompe, com este gesto, uma postura elitista que muitas vezes a fez ser classificada como um clubinho fechado.

Krenak é um intelectual de muita relevância, já membro da Academia Mineira de Letras e professor honoris causa da Universidade de Brasília, este último um reconhecimento justo registrado em maio do ano passado. Suas palestras mundo afora têm encantado pessoas de todos os níveis, resultando na publicação de alguns livros notáveis, de leitura agradável e obrigatória, como “Ideias Para Adiar o Fim do Mundo”, “A Vida Não É Útil” e “Futuro Ancestral”. 

Ter contato com a obra e o pensamento de Krenak é importante para entendermos as razões da luta que ele empreende pelo reconhecimento de terras indígenas e enxergar a perversidade que setores poderosos do Brasil empreendem, com apoio explícito do nosso Parlamento, para atacar direitos legítimos das populações indígenas, a exemplo da aprovação, no Senado, do famigerado Marco Temporal.

NARGES MOHAMMADI

De outro canto do mundo veio outra bela notícia. A academia Sueca, uma instituição centenária fundada em 1786 pelo rei Gustavo III, concedeu o título de Nobel da Paz à iraniana Narges Mohammadi, ativista da luta histórica pelos direitos das mulheres, atualmente presa em seu país, condenada a mais de 30 anos de encarceramento.

Trazer Narges Mohammadi ao altar do reconhecimento mundial, significa colocar em maior evidência a estúpida, histórica e crescente opressão que as mulheres sofrem em sua pátria, com ressonância em inúmeras partes do mundo onde o preconceito, a desigualdade e a opressão são enormes. Esse Nobel que  ela recebe significa  uma espécie de aplauso à corajosa luta que essa guerreira iraniana de 51 anos de idade desenvolve desde os tempos de faculdade contra a pena de morte-  um dos métodos mais utilizados no Irã-, e em defesa da igualdade de direitos entre homens e mulheres, num país em que essa desigualdade beira ao absurdo. Mesmo presa, Nafrges nunca deixou de lutar por essas causas, negou-se a sair do país quando podia fazê-lo e se transformou na voz dos que não têm voz.

Por sua aguerrida militância, Narges Mohammadi foi presa 13 vezes, sentenciada a 31 anos e recebeu, além disso, um castigo de 154 chicotadas. Sua primeira prisão foi em 2011, quando tentava defender ativistas encarcerados sem julgamento. Ao sair dessa vez da prisão, passou a lutar contra o sistema prisional do país, denunciando sobretudo as torturas e abusos sexuais contra presos políticos, especialmente contra mulheres. Sua última condenação aconteceu em 2021 e até hoje permanece proibida de receber visitas. Mesmo assim, da prisão, conseguiu publicar um artigo no jornal “The New York Times”, no qual sustenta que “quando mais nos prendermos, mais fortes estaremos”, uma revelação explícita do seu caráter corajoso e guerreiro.

Narges Mohammadi é a 19ª mulher vencedora do Nobel da Paz. A última mulher premiada havia sido a jornalista filipina Maria Ressa, em 2021.Após a premiação, o marido da ativista disse que "este prêmio vai encorajar a luta dela pelos direitos humanos. Este é um prêmio para o movimento pelas mulheres, pela vida e pela liberdade".

VIVEU ATÉ QUE A CONSTITUIÇÃO CELEBRASSE OS SEUS 35 ANOS DE VIDA

Considerado um dos grandes juristas do Brasil, morreu nesta sexta-feira o ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal, José Carlos MOREIRA ALVES, que entra para a história por ter sido ele que recebeu a responsabilidade de declarar instalada a Assembleia Nacional Constituinte, em 1º de fevereiro de 1987, que daria origem à Constituição Federal de 1988, que neste 5 de outubro, ontem, portanto, completou 35 anos de sua promulgação.

Moreira Alves faleceu neste 6 de outubro, aos 90 anos de idade, de falência múltipla dos órgãos. Foi jurista de carreira elogiável, civilistas de grande conhecimento, tendo ocupado durante quase três décadas os mais importantes cargos na justiça brasileira. Estava internado em hospital de Brasília desde o dia 23 de setembro. Deixa um legado sólido e grande contribuição não apenas no Direito Civil, que era sua especialidade, mas em todos os ramos do direito.



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