José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Tragédia anunciada: não faltaram alertas para os ciclones que mataram no RS

Quatro avisos foram emitidos pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais

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Os ciclones extratropicais que atingem o Rio Grande do Sul, matando até agora 46 pessoas, deixado dezenas de desaparecidos e um rastro de destruição material incalculável, já se constitui na maior tragédia natural em toda a história do Estado. Está sendo necessário um esforço nacional importante para atender às necessidades dos feridos, das famílias dos mortos e de todos aqueles que perderam coisas importantes, como suas próprias moradias, com essa tragédia que já dura mais de uma semana.

Na ausência do Presidente Lula- que se encontrava em viagem ao exterior, na tarefa de assumir a presidência do G20, por ocasião da cúpula que reúne as 20 maiores economias do mundo, realizada em Nova Déli, na Índia-, coube ao vice-Presidente Geraldo Alckmin, no exercício da Presidência, levar oito ministros ao Rio grande do Sul, num gesto de apoio e solidariedade transmitido ao governador Eduardo Leite e a prefeitos dos municípios atingidos.

Essa missão do governador federal resultou no anúncio, pelo Ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, do repasse de R$ 239 milhões às família das cidades afetadas, recursos que serão usados no fornecimento de alimentos e na prestação de serviços socioassistenciais, com destaque para R$ 56,6 milhões destinados à rede do Sistema Únicos de Assistência Social (SUAS), ao auxílio Abrigamento e ao fornecimento de cestas de alimentos.

AUSÊNCIA DE MEDIDAS PREVENTIVAS

Embora seja difícil ou quase impossível conter a fúria com que esses eventos se abatem sobre pessoas, atingindo com fúria todos os outros seres vivos, destruindo estradas, moradias e edificações em geral, não é errado supor que esses eventos naturais eram plenamente previsíveis. Portanto, eles poderiam se repetir a qualquer hora, sobretudo pela ausência de medidas preventivas.

Não apenas pelos alertas emitidos por diversas Comissões de Defesa Civil municipais, como fez a de Porto Alegre no dia 11 de Julho, logo após outro ciclone extratropical dessa espécie ter se abatido sobre vasta região do Rio Grande do Sul, no mês de junho, matando à época 16 pessoas. No dia 13 de Julho, o Instituto Nacional de Meteorologia previu chuvas superiores a 60 milímetros por hora, podendo superar 100 milímetros, acompanhadas de ventos acima de 100 km/hora.

QUATRO AVISOS

A verdade é que houve, no total, quatro avisos emitidos pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais; Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres, e Instituto nacional de Meteorologia. O próprio Governo do Rio Grande do Sul recebeu no dia 31 de agosto o primeiro aviso do risco em potencial dos temporais, mas nada foi feito para que qualquer das 85 cidades atingidas pelos ciclones extratropicais ficasse livre da tragédia.

Numa reunião do Cemaden, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, com representantes de diversas entidades do RS, foi informada a previsão de que chuvas de 200 milímetros cairiam sobre grande região do Estado entre os dias 1º e 4 de setembro. Havia, portanto, severa convicção de que esses eventos poderiam ser maiores ou menores, mas que eles aconteceriam. Todas as informações foram expostas durante a reunião com as defesas civis de Estados do Sul, com destaque para os riscos de Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

No dia 31 de agosto, o Inmet formalizou mais um alerta, um terceiro alerta no dia 3 e por último, dia 4, o último e dramático aviso, quando a Companhia Energética Rio das Antas comunicou que “devido às fortes chuvas”, já então presentes, a vão do Rio das Antas ultrapassara os níveis máximos históricos desde a sua construção.

Embora seja notório que as mudanças climáticas em constante evolução favoreçam a repetição de eventos extremos como esses ciclones no Rio Grande do Sul, pouco se tem dado de importância aos alertas disparados por organismos especializados, e pouco menos ainda tem sido  feito para adotar medidas de prevenção, como a retirada, por exemplo, de pessoas que habitam as áreas de risco previamente registradas.

As autoridades públicas, do governador ao prefeito, precisam tomar consciência de que devem atuar de modo diferente diante de realidades que estão aos olhos de todos. Primeiro, agindo para reduzir os danos ambientais historicamente causados à natureza, responsáveis, em grau extremo, pelos desastres naturais; segundo, tomando medidas sérias para resolver os problemas severos de ocupação de áreas de risco; por último, serem rápidos e eficientes na evacuação dos moradores dessas áreas assim que receberam os alertas dos organismos que medem as possibilidades de tragédias. As autoridades precisam compreender, enfim, que não basta enterrar os mortos e dar um mínimo de apoio às suas famílias. Isso é ridículo para quem tem o dever de governar pensando no interesse e na vida dos cidadãos e cidadãs.



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