As dificuldades de acesso fizeram com que o sudeste do Piauí se mantivesse preservado. Essa região de belezas singulares e surpreendentes é, nesta terça-feira (17/8), parada do Rally dos Sertões, competição que atravessa sete Estados e nove cidades do Nordeste, entre elas São Raimundo Nonato, onde há cerca de 12 mil anos os primeiros habitantes produziram “rabiscos” nas rochas. Desde 1979, uma área de 130 mil hectares foi transformada no Parque Nacional da Serra da Capivara e, em 1991, inscrita na lista de Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.
O que essa região de Caatinga tem de tão especial? Mais de 800 sítios catalogados com pinturas e gravuras rupestres, o que a coloca como uma das maiores concentrações de sítios pré-históricos do mundo por quilômetro quadrado. Observado de um voo panorâmico, o parque – com seus paredões rochosos de mais de 100 m de altura, alguns coloridos, como o Baixão da Esperança – e seu manto verde hipnotizam pela grandiosidade e magnitude. Mas o que extasia o visitante está escondido entre suas rochas – desenhos com variedade de formas, texturas, cores e temas, que se configuram como um tesouro ao ar livre.
Esse tesouro descoberto pela pesquisadora brasileira Niéde Guidon, em 1978, está hoje ao alcance dos turistas, que podem encarar uma jornada de até 400 km em ótimas estradas e fazer paradas estratégicas para se embabascar com a beleza e a diversidade dessas pinturas. Mas é preciso paciência e determinação por parte do turista. O Parque Nacional da Serra da Capivara – com a entrada liberada durante a pandemia – tem excelente estrutura, com passarelas, trilhas e estradas, inclusive rampas com acessibilidade para pessoas com deficiência. Dos mais de mil sítios arqueológicos, 800 têm pinturas rupestres e estão inseridos em circuitos.