Anatel adverte construção de usina no Ceará que pode parar a internet no país

Os cabos concentram boa parte da conexão internacional de dados com EUA, Europa e África.

Anatel adverte construção de usina no Ceará que pode parar a internet no país. | Reprodução
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“Indesejável e imprudente”, afirmou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre a construção da usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, no Ceará. A empresa alertou sobre possíveis riscos relacionados ao funcionamento da internet no Brasil.  No dia 20 dezembro, a Superintendência do Patrimônio da União no Ceará (SPU-CE) deu aprovação para a realização do projeto.

Segundo a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), a etapa seguinte envolverá a solicitação à Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) para a emissão da Licença de Instalação da planta. Após a conclusão desse processo, a previsão é iniciar a construção da usina até março de 2024 e terminar no primeiro semestre de 2026. 

A usina será construída por meio de uma parceria público-privada com o consórcio Águas de Fortaleza, envolvendo um investimento de R$ 3,2 bilhões. Segundo o pelo governo do Ceará, o projeto tem como objetivo aumentar em 12% a oferta de água na região metropolitana de Fortaleza, por meio da dessalinização da água do mar.

No entanto, a localização escolhida para a construção da instalação se torna preocupante por parte de órgãos e agências, já que a área selecionada se encontra próxima aos cabos submarinos de telecomunicações e internet no Brasil. Os cabos concentram boa parte da conexão internacional de dados com EUA, Europa e África. 

“Com a construção dessa usina, há o risco de haver rompimento dos cabos com a vibração da água caso os dutos da usina não estejam a uma distância segura desses cabos. Além disso, o aumento da demanda por internet no país deve resultar no aumento considerável de cabos submarinos instalados nos próximos anos”, ressaltaram os conselheiros da Anatel em artigo. 

Eles ainda enfatizam as múltiplas implicações de segurança relacionadas à infraestrutura crítica dos cabos submarinos. Segundo a empresa, o controle sobre essas linhas, que se tornaram ativos estratégicos devido à crescente importância dos dados, confere um poder significativo. 

“Diante desses desafios, é fundamental identificar alternativas para mitigar os riscos de segurança, como colaboração com nações parceiras e com o setor privado para promover compartilhamento de inteligência, avaliações de risco, padrões de segurança, monitoramento, reparo e planos de contingência”, esclareceram.

Para lidar com o crescente tráfego de internet, os cabos submarinos, presentes há décadas, necessitam de reparos e substituições, já que possuem um prazo de validade. A manutenção é um processo dispendioso e demorado, envolvendo o uso de navios de grande porte, equipamentos subaquáticos e mergulhadores.

Dito isto, a Anatel destacou ao G1 que “adição de riscos [aos cabos], portanto, é indesejável e imprudente”. Reiterando a oposição à obra, recomendaram a revisão do projeto para considerar outras localidades avaliadas como viáveis.

A Cagece argumenta que as infra estruturas da usina não acarretam riscos para o funcionamento dos cabos submarinos de internet que operam ao longo da orla da Praia do Futuro. A estatal afirma que tal conclusão foi respaldada por estudos técnicos.



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