Caso Janaína Bezerra: Estudantes ocupam Reitoria da UFPI em protesto

O ato cobra um posicionamento do reitor Gildásio Guedes sobre a falta de segurança, pauta que já era constantemente discutida pela comunidade acadêmica.

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Estudantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) ocuparam a reitoria do campus Ministro Petrônio Portela, zona Leste de Teresina, na manhã desta terça-feira (31). Os alunos da instituição de ensino chegaram a protestar na frente do prédio após a morte da estudante Janaína Bezerra, que ocorreu na madrugada do último sábado (28), dentro de uma sala de mestrado em Matemática da instituição.

O ato cobra um posicionamento do reitor Gildásio Guedes sobre a falta de segurança e omissão diante de casos de assédio, pautas que já eram constantemente debatidas pela comunidade acadêmica ao longo dos últimos anos. No ano passado, discentes fizeram uma série de protestos na instituição após relatos de arrastões dentro de salas de aula e assaltos em paradas de ônibus localizadas no mesmo campus em que Janaina Bezerra foi estuprada e assassinada. 

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Nesta manhã, os alunos se reuniram no coreto da Reitoria, por volta das 9 horas, em protesto contra a morte de Janaína Bezerra, de 22 anos, aluna do curso de Jornalismo. Os estudantes realizaram uma assembleia geral em memória e justiça pela vítima e deliberaram um calendário de mobilizações para os próximos dias. Os atos são convocados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFPI.

A primeira ação do movimento foi o pedido de diálogo direto com os representantes da reitoria, que só haviam se manifestado por meio de notas e entrevistas para imprensa. A ocupação da reitoria, segundo a aluna do curso de Biologia, Isadora Monteiro, foi a melhor forma dos estudantes serem ouvidos pelo reitor Gildasio Guedes.

"A ocupação acontece porque nós queremos um diálogo justo e honesto, buscamos respostas verdadeiras da universidade para melhorar a nossa situação. A UFPI está tentando esconder sua culpa jogando tudo isso contra o DCE”, contou.

A Pró-Reitora de Ensino de Pós-Graduação, Regilda Saraiva, se apresentou como representante do reitor Gildásio, que está de férias, para atender as reivindicações dos estudantes. Ela propôs uma reunião para explanção de sugestões da comunidade acadêmica. 

Entre as denúncias e reivindicações apresentadas pelos estudantes estão a ausência de iluminação em diversos blocos de cursos da UFPI, dossiê com todos os relatos de assédio, estupro e importunação sexual dentro da instituição, protocolo de atendimento às vítimas de violência sexual, pedido de participação nos planos de segurança da instituição e revogação da medida que proíbe calouradas. 

“Eu anotei todas as reivindicações de vocês e me comprometo a conversar com o reitor e com a nossa administração para colocarmos tudo isso em prática”, falou Regilda durante a reunião.

Segundo os estudantes, o caso de feminicídio de Janaína, que ocorreu em uma sala da universidade, alerta para necessidade urgente de proteção e apoio às vítimas de violência e não há espaço para associações equivocadas usadas como meio de culpabilizar uma vítima.

“A ocupação se trata de uma reivindicação de direitos. Estamos exigindo direitos que nos foram negados e que são violados. Não aceitaremos julgamentos errados e mentirosos de quem não é sensível à morte de uma jovem”, falou o estudante de Filosofia André Mendes, após um diretor administrativo da UFPI dizer, durante uma entrevista para uma televisão local, que o ato dos alunos era, na verdade, uma “invasão”.

Instituição anunciou medidas de combate à violência e a probição de calouradas

Na terça-feira (31), a Administração Superior da Universidade Federal do Piauí (UFPI) anunciou medidas de enfrentamento à violência no campus de Teresina. De acordo com a portaria, a UFPI vai trabalhar para a constituição de uma comissão que vai elaborar um protocolo oficial de enfrentamento à violência contra as mulheres, com estratégias educacionais e em parceria com outras instituições.

Confira as medidas adotadas:

instalação de Comissão de Sindicância Investigativa para apuração de eventuais responsabilidades administrativas no âmbito interno;

- acesso restrito, a partir de 22h, nas vias de circulação exclusivamente interna no campus Ministro Petrônio Portella - Teresina;

- suspensão da realização de eventos festivos até a regulamentação da matéria pelo devido Conselho Superior. Nesse período, excepcionalmente, esses eventos poderão ocorrer mediante solicitação formal do demandante e com autorização expressa do gestor do espaço;

- constituição de comissão para elaboração de protocolo oficial de enfrentamento à violência contra as mulheres no âmbito da UFPI, incluindo estratégias de sensibilização e educação permanente, em parceria com outras instituições do estado que também discutem a questão da violência de gênero, e considerando estudos, pesquisas e experiências já produzidas pela própria comunidade ufpiana;

- continuidade das ações de apoio à família de Janaína Bezerra, por meio da atuação da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (PRAEC), que procederá a cuidados psicossociais, com visitas domiciliares por equipe multiprofissional, composta por psicólogos e assistentes sociais da instituição.

Homenagem

Em frente a sala onde aconteceu o crime cruel, estudantes, professores, familiares e amigos de Janaína Bezerra da Silva fizeram homenagens com flores e balões brancos. 

Balões e flores foram colocados em frente à cena do crime. Crédito: Mariana Lenara. 

Uma faixa também foi afixada na reitoria.

Faixa afixada. Crédito: Mariana Lenara. 



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