Inflação ‘de guerra’: piauienses sofrem com preços mais altos

Preço do combustível eleva valores nos supermercados e consumidores sofrem com salários defasados

Economista fala sobre impactos da guerra no Brasil | Raíssa Morais
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Por Lucrécio Arrais

Quer um desafio maior do que passar um mês inteiro com R$1.212,00, o valor do salário mínimo no Brasil? Com os preços dos alimentos e dos combustíveis disparando em razão da crise mundial provocada pelo conflito armado entre Ucrânia e Rússia, países emergentes sofrem com sobrepreços. O Piauí não foge dessa realidade.

No supermercado, as pessoas soltam o verbo. “Esse ano o pobre não vai comer nem sardinha, que dirá bacalhau. O material de limpeza está um absurdo. Outro dia minha mãe fez compras para o mês em uma casa com três pessoas e deu R$450 só com material de limpeza”, conta Ana Karina, dona de casa.

Alta já chega aos supermercados - Raissa Morais

Mudança de hábitos

Já Marília Tatiane, também dona de casa, revela que o aumento dos preços levou a mudar hábitos alimentares dentro de casa. “Está tudo mais caro. Carne não dá mais para comprar no supermercado. Tem que ir para o açougue. O quilo de carne tá mais de R$40 e o que antes usávamos para ‘variar’, hoje é o trivial. Até coração e moela estão mais caros”, acrescenta.

Do lado de fora, um ponto de motoristas de táxi. 

"Tão dizendo que a gasolina vai chegar a R$10. Se isso acontecer, vamos ver muita gente andando a pé. As pessoas acham cara a tarifa, mas não entendem que além da gasolina no preço que está ainda tem peças e manutenção", conta Valter Silva, que trabalha como taxista há 20 anos.

Entre malabarismo e muitas contas feitas na cabeça, o brasileiro termina mais uma vez perdendo renda no ano que seria de recuperação da pandemia. Os bombardeios em Kiev, no entanto, dizem exatamente o contrário.

Entenda como a crise atinge o Brasil

Boa parte do mundo está pagando caro, literalmente, pelas ações de Vladimir Putin, presidente da Rússia, sobre o território da Ucrânia. A invasão russa no país vizinho, ex-anexo da antiga União Soviética, traz graves consequências econômicas em nível global, além de milhares de mortes de soldados e civis.

Com as fortes sanções econômicas que o país enfrenta, é esperado um aumento exponencial nos preços dos combustíveis, ferro e até do pão francês em todo o mundo, inclusive no Brasil, que importa estes itens.

Economista diz que não existe nenhum país totalmente independente - Raíssa Morais 

Crise global

O desligamento da Rússia do SWIFT, uma das quatro maiores sanções sofridas pelo país euro-asiático após decidir invadir a Ucrânia, é a que conta mais para o aprofundamento de uma crise global. A ameaça feita por Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, se torna realidade em um período de instabilidade econômica e política para o globo. 

"Isto porque a Rússia é um grande fornecedor mundial de insumos, como, por exemplo, petróleo, gás natural e fertilizantes", enumera Stefano Lopes, economista.

O SWIFT é um sistema internacional que se constitui em uma plataforma de transações financeiras internacionais. 

"É extremamente importante para que os países possam tanto fazer seus pagamentos a fornecedores internacionais quanto receber os pagamentos dos compradores. Um bloqueio ou exclusão, ainda que parcial, a esse sistema dificulta tremendamente a realização do comércio internacional de importações e exportações", explica o economista.

Conflito terá impacto negativo

O bloqueio econômico da Rússia tem um impacto extremamente negativo para o Brasil, que, assim como boa parte do mundo, tenta se recuperar das mazelas sociais provocadas pela pandemia do novo coronavírus.

A produção de alimentos deve ser afetada pelo bloqueio na economia russa. 

"Hoje somos um país do agronegócio. Precisamos de fertilizantes para o solo e a Rússia é o principal fornecedor desse insumo atualmente. Se tivermos problemas com o fornecimento de fertilizantes, o agronegócio do Brasil sofrerá um impacto negativo muito grande e, consequentemente, o PIB brasileiro", pondera o economista Stefano Lopes.

Combustíveis também são afetados com aumentos - Raíssa Morais

Recuperação

Hoje os países já conseguem, em boa parte do mundo, mostrar uma recuperação. "Neste momento de recuperação tudo o que não se precisa e nem deve ser desejado é uma guerra. Uma guerra traz, além das mortes em decorrência dos ataques militares, problemas sociais e econômicos muito graves e de difícil e lenta recuperação", alerta o economista.

Economia

A verdade é que sanções econômicas internacionais sempre trazem algum tipo de problema. Praticamente todos os países do mundo praticam o comércio internacional, que depende de outras nações, inclusive a gigantesca economia russa. 

"Não existe nenhum país totalmente independente do mercado internacional. Os países sempre importam e exportam para outros países, comprando o que é necessário para atender a demanda interna e exportando para atender a demanda externa. Sanções na Rússia trarão sérios problemas para vários países", considera.

Bloqueio

A Rússia é uma grande produtora de petróleo e gás natural. Com o bloqueio, principalmente toda a Europa vai sofrer com a questão energética de petróleo e gás. 

"Outros países também sofrem efeitos, como o Brasil, que depende muito dos adubos e fertilizantes da Rússia. Vale lembrar que, além de exportador, a Rússia também compra produtos de vários países. Dependendo do tipo de sanções que serão impostas isso prejudicaria a balança comercial de muitas nações, inclusive a do Brasil", finaliza Stefano Lopes.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES