Multidão se despede de Ziraldo em velório e enterro sob comoção no Rio

Na tarde deste domingo (7), o Brasil despediu-se de um de seus maiores ícones culturais, o desenhista e escritor Ziraldo, cujo corpo foi sepultado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Falecido aos 91 anos, em casa, dormindo, de causas naturais, Ziraldo deixou uma marca indelével na cultura brasileira, notadamente por seu humor ácido e obras que cativaram gerações. O velório, aberto ao público, realizou-se no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, reunindo uma multidão de admiradores, familiares, artistas e autoridades que vieram prestar suas últimas homenagens.

Entre lágrimas e sorrisos, o adeus a Ziraldo foi pontuado por momentos de profunda emoção e reconhecimento de seu legado. Ao lado do caixão, estavam dispostos bonecos de alguns de seus personagens mais queridos, como o Menino Maluquinho e Jeremias, o Bom. A cerimônia foi enriquecida pela reprodução de um áudio com palavras do próprio Ziraldo, provocando uma longa e calorosa salva de palmas dos presentes, em um tributo à sua trajetória e ao impacto de sua obra.

A profundidade do trabalho de Ziraldo, capaz de atravessar gerações, foi enfatizada por sua filha, a cineasta Daniela Thomas. Ela destacou como as criações de seu pai foram capazes de unir famílias em torno da leitura, evidenciando o poder transformador de sua arte. "Meu pai é uma pessoa cuja obra tem uma grande conexão com as pessoas... Todos com um livro esmagado, lido, usado. E isso é lindo", lembrou Daniela, em meio a um velório que mais parecia uma celebração da vida e da criatividade.

Além das homenagens pessoais, Ziraldo também foi lembrado em um dos palcos que mais amava: o Maracanã. Durante o jogo entre Flamengo, seu time do coração, e Nova Iguaçu, pela final do Campeonato Carioca, o rubro-negro prestou sua homenagem ao artista com um desenho do Menino Maluquinho na faixa de capitão, simbolizando a união entre as paixões nacional e pessoal de Ziraldo.

A cerimônia de despedida evidenciou o respeito e o carinho que Ziraldo inspirou em vida, tanto por sua contribuição à cultura quanto por sua postura corajosa durante momentos políticos turbulentos do país. Personalidades como o prefeito Eduardo Paes e a filha de Ziraldo, Fabrizia Pinto, além de fãs que se sentiam parte de sua família expandida, como Débora Ovídio, expressaram sua admiração e gratidão ao artista.

Bonecos do Menino Maluquinho e de Jeremias o Bom ao lado do caixão de Ziraldo. — Foto: Suelen Bastos/ g1 Para mais informações, acesse meionews.com