Exclusivo Piauienses voltam da área de conflito entre Israel e Hamas em voo da FAB

Na madrugada desta quarta-feira (11), o avião pertencente à Força Aérea Brasileira (FAB) aterrissou em Brasília após concluir a missão de resgate do primeiro grupo de brasileiros que se encontrava em Israel. A viagem, que teve início em Tel Aviv na terça-feira (10), estendeu-se por aproximadamente 14 horas de voo.

O KC-30, uma aeronave de transporte, partiu de Israel com a bordo um total de 211 passageiros. Conforme informações do Itamaraty, mais cinco voos estão programados até o domingo (15) para a realização do resgate de outros brasileiros que se encontram na região. Essa é a maior missão de repatriação já realizada pela Força Aérea Brasileira.

Estavam no voo os quatro piauienses que foram identificados após informação exclusiva da jornalista Cinthia Lages. Eles são Lindalva Evangelista (médica oftalmologista), Marina Mendes (funcionária pública), José Evangelista (empresário) e Lucina Evangelista. Eles faziam uma viagem religiosa pelo país, quando o grupo Hamas invadiu Israel no último sábado (07). 

Na foto, os irmãos piauienses Lindalva Evangelista e Josué Evangelista (Foto: Cinthia Lages)

O empresário Josué Evangelista, que mora nos Estados Unidos e estava em Israel com sua irmã, a médica Lindalva Evangelista e a esposa, Lucina Evangelista, desceram do avião carregando uma bandeira do Brasil.

"Estou muito feliz e seguro. Graças a Deus, enfrentamos mais uma batalha, ou melhor, saímos dela. Foi muito gratificante, desde o início ficamos cientes de que estávamos seguros no hotel, muito bem orientados, com muitos padres rezando missas. Passamos dois dias rezando e esperando a hora de voltar para o Brasil", contou Josué.

Lucina relatou que o grupo estava em Jerusalém, capital de Israel, com viagem marcada para Dubai. Diante da guerra, eles foram orientados a retornar ao Brasil. "Decidimos seguir com a turma toda, com a Força Aérea Brasileira, que nos deu apoio total. Só tenho a agradecer por estar no Brasil. Sou de Minas Gerais, ele do Piauí", disse Josué.

A médica Lindalva Evangelista complementou que se sentiu segura durante a viagem. "Muita emoção e alegria, felicidade imensa. Estávamos com medo, mas estávamos muito bem protegidos."

 Ainda existem 2.500 brasileiros aguardando repatriação em Israel, sendo a maior preocupação os 50 brasileiros que estão na Faixa de Gaza, conforme informações repassadas pelo Itamaraty durante a madrugada.

Após chegarem ao Brasil, os passageiros serão transportados até seus destinos finais gratuitamente, através de uma parceria com a Azul Linhas Aéreas. 

Brasileiros em território palestino

No caso dos brasileiros em territórios palestinos, ainda não há confirmação sobre voos de resgate devido a dificuldades logísticas e de segurança. No entanto, o Itamaraty anunciou que alugou um ônibus para retirar 26 brasileiros na Faixa de Gaza e aguarda autorização do Egito para a operação.

O Ministério das Relações Exteriores disponibilizou contatos de emergência para auxiliar brasileiros na região do Oriente Médio.

Entenda a guerra 

O ataque envolveu ações concentradas perto da fronteira da Faixa de Gaza, onde o grupo Hamas lançou 5 mil foguetes. Homens armados invadiram o território israelense pelo sul do país por terra, ar e mar, atirando em pessoas nas ruas e sequestrando israelenses que foram levados como reféns para Gaza.

A resposta de Israel incluiu uma retaliação e declarações do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmando que estão em guerra e "vão ganhar". Bombas foram lançadas em direção à Faixa de Gaza.

Até o momento, mais de 2.100 pessoas morreram, sendo mais de 1.200 em Israel e 900 palestinos, de acordo com as autoridades locais.

O que é a faixa de Gaza

É um território palestino localizado na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito. Caracteriza-se por pobreza e superpopulação, com 2 milhões de habitantes vivendo em um território de 360 km².

A região foi tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias em 1967 e entregue aos palestinos em 2005. Gaza sofre um bloqueio de bens e serviços imposto pelos países vizinhos.

O conflito na região é de longa data e remonta a 1947, quando a ONU propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.