Ucrânia acusa Rússia de bombardear maternidade: “Crianças sob destroços!”

Em meio ao que deveria ser uma trégua, um hospital infantil de Mariupol foi atacado pelo Exército russo.

russia | GettyImages
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A invasão russa à Ucrânia completou hoje duas semanas com uma série de ataques a Mariupol, no sudoeste do país. Bombas atingiram um hospital infantil e maternidade na cidade, segundo o governo e o porta-voz da polícia local. O ataque deixou pelo menos 17 feridos, segundo funcionários do centro de saúde.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, classificou o ataque como uma "atrocidade" e voltou a pedir que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) proteja seu espaço aéreo contra a Rússia. Os Estados Unidos enviaram duas baterias de mísseis Patriot à Polônia para defesa contra possíveis ataques a membros da Otan.

Em meio ao que deveria ser uma trégua, um hospital infantil de Mariupol, uma das cidades selecionadas para a evacuação, foi atacado pelo Exército russo, segundo informou o governo ucraniano. "Uma maternidade no centro da cidade, uma ala infantil e um departamento de medicina interna. Tudo isso foi destruído durante o ataque aéreo russo em Mariupol", disse Pavlo Kyrylenko, chefe da administração regional de Donetsk. Não há informações de vítimas até o momento.

 Ucrânia acusa Rússia de bombardear maternidade (Foto: Reprodução)

O secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, chamou o atentado de "inaceitável". "Eu digo que bombardear um hospital é inaceitável. Não há razões, não há motivações para fazer isso", disse o cardeal Pietro Parolin 

Zelensky, publicou nas redes sociais sobre o ataque e pediu para que os ataques parem. "Pessoas, crianças estão sob os destroços. Atrocidade! Por quanto tempo mais o mundo será um cúmplice ignorando o terror?", escreveu.

Há dias Mariupol tenta evacuar civis. Segundo o governo, não há água, nem eletricidade. Informações do site Sky News afirmam que cerca de 1.200 pessoas morreram na cidade nos últimos 14 dias.

Ontem, autoridades ucranianas já haviam dito que os ataques russos continuavam mesmo com o anúncio do cessar-fogo. Nesta quarta-feira, a invasão da Rússia ao território ucraniano chega ao 14º dia.

Em outro impasse, em Stoyanka, região de Kiev, capital da Ucrânia, forças russas bloquearam hoje 50 ônibus que transportavam pessoas para o corredor humanitário, segundo autoridades ucranianas. "As negociações estão em andamento para desbloquear o tráfego", informou o conselho da cidade de Bucha.

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Em Kharkiv, segundo o chefe da administração estadual regional do local, Oleg Synegubov, também há dificuldade para evacuação dos civis. Kharkiv é a segunda maior cidade da Ucrânia.

"No momento, não podemos evacuar a população devido a explosões nos subúrbios", disse, em comunicado. "Apesar dos compromissos do lado russo, o bombardeio continua", completou.

Seis corredores 

Os seis trajetos de evacuação de hoje acordados entre Ucrânia e Rússia são:

- Energodar-Zaporizhia

- Sumy-Poltava

- Mariupol-Zaporizhia

- Volnovakha-Pokrovsk

- Izium-Lozova Vorzel, Bucha, Irpin, Borodyanka, Gostomel-Kiev

Pelos relatos das autoridades ucranianas, não fica claro para onde as pessoas estão indo. Algumas rotas indicam apenas um deslocamento interno.

Ontem, com o corredor, Sumy conseguiu evacuar cerca de 5.000 pessoas, segundo Zhyvytskyi. De acordo com o chefe da administração regional da região, Dmytro Zhyvytsky, isso foi possível após a equipe de negociação ter trabalhado "a noite toda".

Mas, na madrugada de hoje, antes do horário do cessar-fogo, houve um ataque aéreo na região. Cinco pessoas, incluindo duas crianças, foram resgatadas dos escombros.

Rússia x Ucrânia (Crédito: Anadolu Agency via Getty Images)

De acordo com Zhyvytskyi, por volta das 3h (22h de ontem no horário de Brasília), houve dois ataques aéreos, com bombardeio, em Okhtyrka, a cerca de 70 quilômetros de Sumy. "Atualmente, não há conexão com Okhtyrka", disse o administrador.

Saída na região de Kiev 

A prefeitura da capital ucraniana, Kiev, diz que "está ajudando na evacuação e ajuda humanitária" nas cidades próximas.

"Pedimos a todos que sigam rigorosamente as instruções dos policiais, tragam documentos e coisas, mantenham a calma", disse a polícia em comunicado.

Segundo Timoshenko, crianças foram evacuadas de um orfanato em Vorzel. "Planejamos colocar as crianças no hospital infantil em Kiev", disse. Uma maternidade em Vorzel também foi evacuada.

Chernobyl 

Além dos ataques e da busca pela retirada de civis, outro ponto de preocupação da Ucrânia é com as usinas nucleares. Hoje, o assessor do presidente da Ucrânia, Mikhaylo Podolyak, disse que IAEA (sigla em inglês para Agência Internacional de Energia Atómica) perdeu conexão com o sistema de monitoramento da usina de Chernobyl, que foi tomada pelos russos.

A empresa responsável diz que a usina está sem energia, com risco de emitir radiação.

Substâncias radioativas podem ser liberadas da extinta usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, porque ela não pode resfriar o combustível nuclear armazenado após a interrupção de sua conexão de energia, disse nesta quarta-feira a Energoatom, a empresa nuclear estatal da Ucrânia. O trabalho para reparar a conexão e restaurar a energia da usina, que foi ocupada pelas tropas russas, não foi possível porque os combates estão em andamento, disse a empresa.

Em mensagem publicada em seu perfil no Twitter, Podolyak citou que IAEA perdeu a conexão com Chernobyl. "No momento, ninguém entende o que está acontecendo em Chernobyl e o que está ameaçando a região. Uma situação extremamente perigosa", escreveu, sem entrar em detalhes.



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