Adolescentes de Goiás se dizem desmotivados com o processo político do Brasil

Jovens alegam que faltam informações e se sentem imaturos para votar. Neste ano, 62 mil menores com idade entre 16 e 18 anos vão às urnas.

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O número de jovens entre 16 e 18 anos que decidiu emitir o título de eleitor em Goiás caiu 59,76% em dois anos. A informação é do Tribunal Regional Eleitoral(TRE), de Goiás. O Portal G1 entrou em contato com 13 adolescentes com a mesma faixa etária e constatou que o motivo está o sentimento de imaturidade e o desconhecimento sobre o processo político do Brasil.  Apesar da informação, eles não asseguraram estar desinteressados nas eleições, mas sim desmotivados.


De acordo com o TRE, nas eleições deste ano, 62.431 menores de idade votarão em Goiás. Em 2012 eram 104.454 os menores que possuíam título de eleitor.

Dentre as regiões que se destacam com os maiores números de jovens habilitados a votar está o Entorno do Distrito Federal, onde seis municípios concentram mais de sete mil eleitores adolescentes. O número equivale ao de Goiânia, que tem 7.208 eleitores com 16 e 17 anos.

Para o TRE, a diminuição da participação dos jovens não era esperada. “Sempre tem uma queda das eleições municipais para as eleições nacionais, mas, neste ano, surpreendeu o número menor em relação às eleições anteriores. Nós esperávamos que, pela movimentação de junho do ano passado, tivesse uma maior procura em vista dessa manifestação popular”, afirma Márcio Antônio Duarte, responsável pelo cadastro eleitoral do TRE.

Falta informação
O sentimento de imaturidade em tomar uma decisão que pode alterar os rumos do país é apontado por muitos como o motivo para retardar o exercício do voto. “Se tivesse tirado o título, meu voto seria influenciado pelos meus pais. Eu quero ter mais conhecimento dos partidos e candidatos para saber qual deles melhor representa meus ideais”, afirma Mariana Salomão, 17.

Alessah Fernandes tem 17 anos e já tirou o título, mas afirma que o mesmo motivo a leva a se arrepender da decisão. “Eu me arrependi em ter votado a primeira vez porque não tinha maturidade suficiente. Sinto insegurança em quem pode representar as minhas ideias e o que eu desejo para o futuro do país”, diz.

Os jovens relatam também que faltam informações e debate em torno do processo político do país, principalmente no ambiente escolar. Eles ressaltam que, nas raras vezes em que o debate ocorre dentro de sala de aula, a discussão é direcionada de acordo com as opiniões políticas do professor.

“Não tem um espaço aberto para que os alunos conversem. Eu acredito que isso é necessário porque, além da questão de tirar um pouco da imaturidade dos adolescentes, é interessante para a formação do cidadão, a escola também tem esse papel”, afirma Alessah.

Desmotivação
O estudante Marcus Vinicius Bahia, de 17 anos, acredita que o voto é a melhor maneira de representação, mas não confia nos candidatos elegíveis e, por isso, ainda não tirou o título.

“Quem está lá como candidato não está com a preocupação de fazer o melhor pelo país, está mais porque vai ter um salário bom, um carro legal, um status alto. Se a política tivesse menos valor de status e salário alto e mais alguém que se importasse em fazer o melhor para o país e todo mundo que vive nele, aí sim seria uma política boa de votar”, opina.

Os adolescentes também criticaram a falta de seriedade dos políticos “celebridades” e da forma como são feitas campanhas eleitorais baseadas em críticas aos opositores e sem propostas fundamentadas. “Tem muito jogador, ex-BBB, que acha que a política é emprego. Quando você vê isso não dá vontade de votar”, diz Ravy Soares Alvares, de 17 anos.

Para Renilton de Oliveira, 16, também faltam informações sobre a atuação dos políticos além dos períodos eleitorais: “A gente vê essa imagem de brincalhão, mas não sabe qual é a postura do cara no Congresso. Falta essa informação durante o mandato e não só em períodos de eleição”.

Agentes de mudanças
Dentre o grupo de 13 jovens, seis já têm título de eleitor. Para eles, a maior motivação é a possibilidade de manifestar nas urnas o desejo por mudanças no país. “Eu como jovem me sinto o futuro do Brasil. Estou cansada de reclamar de tudo o que acontece aqui e não fazer nada para mudar”, diz a estudante Laís Martins Queiroz, 17.

Para Ana Priscila Augusto, 16, a participação do jovem é fundamental para promover as mudanças que ela acredita serem necessárias no país. “Está faltando jovem, está faltando juventude, novidade. Nós temos que participar, não adianta só reclamar, manifestar, e chegar no dia 5 de outubro e não fazer nada, não tomar uma atitude, uma posição em relação a algum partido ou pensamento”, diz.

Matheus de Moraes Serra tem 17 anos e seus pais já se candidataram em eleições anteriores. Para ele, a experiência de estar envolvido no meio político mostrou que nem todos os candidatos se enquadram nesse estereótipo. “Se não achou um candidato foi porque não procurou direito ou fez o título só por fazer mesmo”, acredita.

Participação
O interesse pela política motivou uma jovem de Silvânia, na região sudeste de Goiás, a buscar mais informações sobre a atuação do Congresso Nacional. No ano passado, Welma Sousa, 19, foi uma das três jovens a representar o estado no projeto “Parlamento Jovem Brasileiro”, que reúne representantes de todo o país para passar duas semanas na Câmara dos Deputados vivenciando a rotina de um parlamentar.

“O projeto abriu meus olhos. Hoje nem penso em votar em um político antes de pesquisar toda a vida dele, acompanho todos os debates, tudo o que sai de notícia eu leio. Eu não acredito que todos os políticos sejam corruptos, a gente tem que acreditar que é possível ter um país melhor”, afirma Welma.

Para o coordenador do Parlamento Jovem em Goiás, Edson Borges da Silva, a participação do jovem no processo político deveria ser mais frequente. “Eu vejo o desinteresse dos jovens como algo muito triste. Acredito que essa parte da população jovem que está na escola, que tem formação e está começando a entender e ter uma visão do mundo precisa se interar do processo político. Nós precisamos de ideias novas, de pessoas que vêm de pontos isolados, do interior, que se façam ser ouvidos”, opina.

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