Elizeta Ramos assume controle da PGR e demite funcionária que blindou Bolsonaro

No lugar de Lindônia, foi contratada Ana Borges, subprocuradora de oposição ao alinhamento com os interesses da família Bolsonaro

Agusto Aras e Lindôra Araújo | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Com o término do mandato do procurador-geral da República, Augusto Aras, a subprocuradora Elizeta Maria de Paiva Ramos assumiu interinamente a liderança do Ministério Público Federal nesta quarta-feira (27).

Elizeta, que ocupa essa posição devido à sua vice-presidência no Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), já organizou seu gabinete, e nele, uma figura de destaque na gestão de Aras, a subprocuradora Lindôra Araújo, não estará presente. Oficialmente, a razão da saída de Lindôra é um tratamento de saúde. No entanto, na Procuradoria-Geral da República (PGR), a visão predominante é de que seria desgastante manter uma pessoa tão próxima de Aras, dado o fim de seu mandato.

Leia Mais

Elizeta Ramos | Foto: ReproduçãoNo lugar de Lindôra, de tendências conservadoras e notoriamente próxima do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), assume a subprocuradora Ana Borges, especializada em direitos sociais, do consumidor e questões ambientais. Em um artigo publicado no site jurídico JOTA em março de 2022, ela defendeu que "o desmantelamento do sistema patriarcal é responsabilidade de toda a sociedade, de homens e mulheres".

Oposição à família Bolsonaro

Outra distinção notável em relação à sua predecessora é a sua postura independente e mais moderada, em oposição ao alinhamento de Lindôra com os interesses da família Bolsonaro em investigações, como a das joias sauditas, na qual defendeu que a investigação fosse transferida para a primeira instância.

Ana Borges é casada há 34 anos com o subprocurador Carlos Frederico Santos, que continuará responsável pelas investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) relacionadas aos invasores e vândalos que atacaram os prédios dos três poderes em janeiro.

Além disso, permanecerá no cargo o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, que representou o MP no processo que resultou na inelegibilidade de Bolsonaro e é visto como um forte candidato a ser escolhido por Lula para liderar a PGR.

Nas últimas semanas, aliados de Lula manifestaram a preferência do presidente em evitar que Elizeta assumisse a PGR, mesmo que de maneira interina, devido à percepção de que ela seria "lavajatista". Um dos motivos para essa posição é que, como corregedora-geral do MPF, ela não endossou a opinião do ex-ministro do Supremo Ricardo Lewandowski ou de seu substituto na relatoria de um processo, Dias Toffoli, no caso que levou à anulação das provas do acordo de leniência da Odebrecht.

Após liderar a sindicância ordenada por Lewandowski sobre as práticas da força-tarefa da Lava Jato, Elizeta concluiu que não havia "qualquer conduta configuradora de violação de dever funcional pelos membros integrantes da Força-Tarefa da Lava Jato em Curitiba, os quais comprovaram o exercício de suas atribuições institucionais em sintonia com o postulado da legalidade".

Além disso, Elizeta também contrariou Aras ao presidir a sessão do Conselho Institucional na qual foi rejeitado, com 17 votos a 2, o desconto de R$ 6,8 bilhões concedido unilateralmente ao grupo J&F pelo subprocurador Ronaldo Albo, aliado do ex-procurador-geral.

Visto que Lula ainda não indicou quando escolherá o substituto oficial de Aras, que deve ser ratificado pelo Senado após a nomeação, Elizeta pode ser forçada a liderar o MP por um período significativo. Embora a duração exata seja incerta, as mudanças em posições-chave já apontam para um mandato substancialmente diferente do anterior.

Para mais informações, acesse Meionorte.com



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES