Governo Lula tenta fechar com Centrão e parte do PL; a base agora sai?

Além do partido que concentra a maior parcela bolsonarista, Lula busca atrair apoio do PP e Republicanos

Lula busca articular aliança com partidos do Centrão e parte do PL | Agência Brasil
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Representantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Congresso Nacional, alegam já haver análise de reformulação na Esplanada dos Ministérios. A reestruturação tem como objetivo atrair novos integrantes de legendas do centro político - como Republicanos e Progressistas (PP) -, bem como uma parcela do Partido Liberal (PL) que não é vinculada ao bolsonarismo. Com essa movimentação, os líderes governistas esperam conseguir votos para as próximas propostas apresentadas tanto na Câmara como no Senado.

Leia Mais

Após a frustração em tentar, sem êxito, a aprovação do PL das Fake News e do novo arcabouço fiscal, parlamentares negaram a possibilidade do governo iniciar um processo de demissão de ministros filiados a siglas não governistas. Essa ação ocorreria para "abrir espaço", sob justificativa de ampliar a base da gestão petista. O Republicanos, ocupando 41 cadeiras na Casa, é identificado como o principal obstáculo do governo para a sanção de propostas e deve ser a prioridade - com diálogos e possíveis acordos - nas próximas semanas.

Alguns partidos se mostraram adeptos a um possível alinhamento na Esplanada, ao passo que outros afirmaram se tratar de apenas mais 'especulação". Os mais entusiatas declararam que a reformulação visa o longo prazo, só se concreizando em novembro e dezembro. A especial atenção no Republicanos ocorre uma vez que, além de sua dimensão, o governo tem conhecimento dos planos do bispo Marcos Pereira (SP), presidente da sigla, para se tornar o chefe da Câmara dos Deputados.

Agenda do Congresso inclui regras fiscais e CPI Mista do 8 de Janeiro

Álbum de fotos revela o Brasil em alta no cenário diplomático mundial

Lula alerta líderes mundiais sobre o risco nuclear de pressionar Putin

A legenda é constituída por uma ala pró-Lula e outra, mais significativa, aliada ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). Entre as extremidades há um grupo que seguirá o caminho mais seguro para assegurar o fortalecimento do partido para as eleições municipais de 2024, via formação de alianças e concentração de cargos e emendas parlamentares.

Segundo aliados, Marcos Pereira discute ser fundamental esperar que as reformas econômicas, como a nova regra fiscal e a reforma tributária, sejam aprovadas, além do distanciamento de sua recente reeleição para o comando da legenda. Será levado em conta, também, a maneira com a qual o Executivo permanecerá lidando com a distribuição de emendas e cargos.

Além disso, a postura do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, pesará negativamente para uma possível relação com o governo. O segmento "lulista" da legenda busca convencer os colegas que o ex-ministro da Infraestrutura da gestão Bolsonaro compreenderá o movimento, que pode resultar no fortalecimento da sigla para 2024. Os mais extremistas ameaçam se desfiliar caso haja alguma aproximação.

Republicanos e Progressistas, por tempo, foram legendas sem ministérios que mais desfrutaram de emendas de relator feitas neste mês. Os orçamentos estavam detidos até a Câmara legalizar um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para derrubar a ordem de Lula voltada a regulamentar o Marco do Saneamento. Ambos os partidos votaram, quase de forma unânime, na aprovação da urgência do novo arcabouço fiscal, questão de interesse governista.

Centão e PL

“É mais do que natural, isso é uma coisa que já deveria acontecer. Sobre os espaços, vamos ver como serão as conversas até lá. Pela situação [de governabilidade] na Câmara, é muito difícil continuar como está após este ano”, relatou uma das lideranças do Centrão.

As siglas independentes criticaram, sobretudo, o espaço cedido ao União Brasil, que pouco deposita votos favoráveis ao governo na Câmara dos Deputados.

No PP, correligionários apontam resistência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para apontar diretamente nomes neste momento. O medo é de que haja contaminação na relação entre o governo e a mesa diretora da Casa.

Parlamentares do PL observam que Lula procura fortalecer sua base apoiadora investindo "no varejo", ou seja, o Palácio do Planalto quer obter o interesse individual dos congressistas, assim como fez com Yury do Paredão (PL-CE).

“O que pode acontecer é, se algum parlamentar integrar o governo, ele não será penalizado, mas o partido se manterá independente ou de oposição”, afirmou um parlamentar do PL, em caráter reservado.

“Não vejo esse movimento com estranheza, é mais que natural. É juntar a vontade de alguns parlamentares do PL e do Centrão por espaço e a necessidade do governo para ampliar sua base. É a fome com a vontade de vender comida. Até porque, sabemos, somente uns 30% do PL é de fato bolsonarista”, observou uma liderança do PT.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES