Grupo criminoso investiu R$ 500 mil para roubar avião de médico em Teresina

Um dos presos envolvidos no grupo foi Mykhell Make Abreu Pereira, filho do piloto do médico e responsável por passar as informações da aeronave.

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O delegado Charles Pessoa, responsável pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco), informou em entrevista ao programa Bom Dia Meio Norte que a organização criminosa envolvida no roubo da aeronave do médico Jacinto Lay investiu R$ 500 mil para a execução do crime. 

Um dos presos envolvidos no grupo foi Mykhell Make Abreu Pereira, filho do piloto do médico e responsável por passar as informações da aeronave. Segundo o delegado, mais de R$ 6 mil transitaram na conta dele. “O filho em seu interrogatório nega a participação direta, mas afirma que se encontrou com o Lucas Maciel e com dois pilotos bolivianos antes do fato. Disse que tinha conhecimento que o Lucas ia roubar essa aeronave, inclusive foi convidado pelo Lucas para pilotar a aeronave na região do Mato Grosso, segundo ele negou, mas confessa que encontrou com o Lucas em um determinado estabelecimento e o Lucas estava acompanhado de dois pilotos estrangeiros”, declarou.

“Nós identificamos até então mais de R$ 6 mil que transitou na conta do filho do piloto. A organização criminosa investiu ali aproximadamente R$ 500 mil para a execução dessa ação, parte do valor ia ser pago em dinheiro e parte ia ser pago em drogas. Eu não estou afirmando que o filho do piloto iria receber alguma parte em drogas, mas esse grupo ia receber”, disse o delegado.

Delegado Charles Pessoa - Foto: Fábio Carvalho

Segundo o delegado, o homem suspeito por agenciar e cooptar pessoas para o roubo em Teresina, identificado como Lucas Maciel, está foragido. “Foi uma operação extremamente técnica presidida pelo delegado Francilio que envolveu todos os componentes do DRACO e outras unidades da Polícia Civil do Piauí e também policias civis de outros estados. Algumas pessoas ligadas ao tráfico internacional encomendaram uma aeronave nesse modelo dessa que foi subtraída aqui em Teresina, a principio esse roubo não seria aqui em Teresina seria em Alagoas, mas por conta da logística eles teriam um gasto menor cometendo esse crime aqui, até porque muitas pessoas que estavam envolvidas na articulação desse crime são daqui de Teresina a exemplo do Lucas Maciel Pereira da Silva”, pontuou.

“Nós identificamos alguns núcleos, esse núcleo de Teresina que era chefiado pelo Lucas Maciel, que inclusive está foragido, ele é daqui de Teresina com ligações do Maranhão, e também com o tráfico da região do Mato Grosso até a Bolívia. O Lucas ficou responsável por agenciar, de cooptar algumas pessoas aqui em Teresina e dentre essas pessoas o filho do piloto que ele já conhecia, tinha uma certa aproximação. Ele tem um histórico criminal bem robusto envolvido com roubo de carga, tráfico de entorpecente, já foi preso no Piauí e no Maranhão”, declarou.

REAÇÃO DO PILOTO

“É importante a gente ressaltar até por uma questão de justiça que nós não identificamos nenhuma relação do pai, do piloto, nesse crime. Identificamos uma relação do filho. Na hora da prisão o pai ficou muito emocionado, mostrou ali um desespero, uma chateação, uma decepção ele até utilizou esse termo que estava extremamente decepcionado, foi a maior decepção da vida dele, disse que nunca esperava que o filho o colocasse numa situação dessa. Era o atual piloto do medico, extremamente conceituado”.

PAPEL DE CADA NÚCLEO

O núcleo de Teresina que foi cooptado pelo Lucas, ele foi responsável por fazer essa logística e participar da execução do ato do roubo, de ir até o clube de ultraleve, subtrair a aeronave, deixar o vigia em cárcere. A namorada do filho do piloto utilizou a própria conta para movimentação financeira dessa organização criminosa, ou seja, participação efetiva”.

Dois núcleos do Maranhão, da região de são Luís que inclusive tinha um vinculo empregatício com o aeroporto de Paço do Lumiar, então já eram profissionais que tinham conhecimento dessa parte de aviação. Eles foram responsáveis por receber a aeronave no Estado, fazer a adulteração da aeronave inclusive eles aumentaram a autonomia” 

O núcleo da região de Bacabal, Lago da Pedra, que o Lucas estava lá inclusive, foi o responsável por cooptar algumas pessoas e também o braço armado da organização criminosa, parte do armamento veio da região e também uma moça que foi responsável por movimentar grande parte desse dinheiro, o dinheiro chegava até a conta dela, ela transferia para essas pessoas em Teresina. Inclusive o combustível que foi utilizado na aeronave no dia do roubo foi comprado no próprio clube de ultraleve. A princípio essa aeronave ia ser subtraída no final do ano de 2022 mas por uma questão de logística eles não conseguiram”.

"O núcleo do Mato Grosso era responsável por receber a aeronave no Mato Grosso e dar aquele apoio logístico inclusive com o reabastecimento para que a aeronave chegasse na Bolívia. A aeronave não chegou porque a gente já estava montando alguns pontos nas vendas de combustíveis, por isso eles tiveram que tentar improvisar ali um abastecimento, a aeronave teve uma pane seca, teve que fazer um pouso forçado, no momento do pouso o trem de pouso da aeronave tocou em um obstáculo e ela tombou”. 

Delegado Charles Pessoa em entrevista ao Bom Dia Meio Norte - Foto: Fábio Carvalho

INFORMAÇÕES REPASSADAS PELO FILHO

“Essa aeronave estava há algum tempo precisando de algumas manutenções então ela estava parada. O filho tinha todo conhecimento, ele anda no clube de ultraleve desde criança, ele sabe exatamente onde a aeronave estava guardada, qual era o hangar da vítima, é tanto que dois dias antes do crime por uma questão de logística foi feita uma movimentação da aeronave, ela saiu de um hangar e foi para outro e quando os criminosos chegaram eles foram exatamente no hangar que a aeronave estava dois dias antes. Eles não sabiam apenas dessa movimentação, o filho tinha conhecimento que a aeronave tinha passado por uma revisão e que ela estava pronta para roubo”.  

“No momento da prisão a princípio ele não demonstrou desespero, demonstrou uma certa frieza, os familiares demonstraram desespero, ele ficou tranquilo. Na condução ele estava tranquilo, chegou no Draco só perguntando como seria no sistema penitenciário, depois confessou que teve encontros com esse grupo criminoso, ele diz que não participou, mas tinha conhecimento que o grupo ia cometer esse roubo”. 

Filho do piloto passou informações para o grupo criminoso - Foto: Reprodução

PENA DOS ACUSADOS

“Todos eles estão envolvidos em uma organização criminosa porque eles tem ligações entre si, mesmo que não tenham tido contato fisico, mas eles tiveram alguma ligação. Irão responder por organização criminosa e pelo roubo. A gente não pode afirmar a pena máxima que eles poderão ser sentenciados porque ainda estamos em investigação, mas com certeza eles serão sentenciados a mais de 15 anos de detenção”. 

MAIS PRISÕES - “O Draco vai bater na sua porta” 

“Isso é uma demonstração clara de que não interessa a complexidade, a Polícia Civil do Piauí, o Draco, tem desenvolvido um trabalho cientifico e nós estamos preparados para desvendar qualquer tipo de crime, essa foi apenas a primeira fase das prisões. Se você tiver tido algum envolvimento com o roubo dessa aeronave aqui já fica o aviso: o Draco vai bater na sua porta. Isso é uma afirmação, você que teve envolvimento com o roubo dessa aeronave que não foi preso nessa fase pode ter certeza que nós iremos lhe prender”.

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