Venezuela x Guiana: saiba os próximos passos de Maduro após referendo ser aprovado

O governo venezuelano alega que mais de 95% dos eleitores votaram a favor dessa medida, uma das cinco questões apresentadas na consulta pública

Nicolás Maduro - presidente da Venezuela | REUTERS/Carlos Barria
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

No último domingo (3), os venezuelanos aprovaram em referendo a proposta de criação de um novo estado em Essequibo, área atualmente controlada pela Guiana e objeto de disputa entre os dois países. O governo venezuelano alega que mais de 95% dos eleitores votaram a favor dessa medida, uma das cinco questões apresentadas na consulta pública.

O resultado intensificou as tensões regionais, gerando preocupações sobre o risco de um conflito armado. O Brasil reforçou a presença militar no norte de Roraima, região fronteiriça com a Venezuela e a Guiana, em resposta à escalada das hostilidades.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, assegurou que "não há o que temer", e o ministro do Trabalho do país, Deodat Indar, afirmou que não serão toleradas invasões ao território guianense. No entanto, as ações e declarações pós-referendo geram preocupações crescentes na região.

A secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Gisela Padovan, manifestou a expectativa por uma "solução pacífica" e informou que o Itamaraty está em diálogo com ambas as partes.

Controle do Essequibo

Vale ressaltar que o referendo teve caráter consultivo e, portanto, não tem vínculo automático – o resultado não implica automaticamente na autorização para a Venezuela anexar a região. Essequibo representa mais de 70% do território da Guiana e tem uma área maior que a da Inglaterra. Contudo, Caracas interpreta o resultado como um passo rumo ao controle desse território.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, celebrando uma "vitória esmagadora", mencionou a intenção de "recuperar o que os libertadores nos deixaram", referindo-se à alegação histórica de que Essequibo pertencia originalmente à Venezuela e foi ilegalmente anexado pelo Reino Unido, à qual a Guiana era uma ex-colônia.

Críticos, incluindo líderes e membros da oposição, levantaram diversas preocupações sobre a legitimidade do referendo:

  1. Baixa participação: O governo alega que 10 milhões dos 20 milhões de eleitores votaram, enquanto o partido de oposição Voluntad Popular afirma que o número total de votantes foi ainda menor.
  2. Possível coação: Relatos sugerem que estudantes do Ensino Médio foram retidos em escolas e obrigados a votar. O governo ainda não se manifestou sobre essa acusação.
  3. Proibição de campanha contrária: Não foi permitida uma campanha oficial contra o referendo, ao contrário da publicidade do regime de Maduro favorável à consulta pública.
  4. Extensão do horário de votação: As autoridades eleitorais estenderam a votação por duas horas no domingo.

Estratégia para desviar a atenção pública

A Corte Internacional de Justiça, instância máxima da ONU para julgar casos de soberania entre países, determinou na sexta-feira (1º) que a Venezuela não pode realizar movimentos para tentar anexar Essequibo. O resultado e a própria realização do referendo desafiam essa determinação.

Líderes da oposição acusam o regime de Maduro de utilizar a questão de Essequibo como distração para as eleições de 2024, enquanto críticos apontam para a falta de clareza sobre o destino das joias presidenciais do país como uma estratégia para desviar a atenção da opinião pública.

A candidata María Corina Machado, que venceu as prévias da oposição mas foi impedida de concorrer pela Justiça venezuelana, pretende acionar a Corte Internacional de Justiça para defender os direitos relacionados ao referendo. O partido Voluntad Popular classificou a consulta pública como uma "manobra propagandística da ditadura" e questionou a confiabilidade dos números divulgados pelas autoridades eleitorais.

Para mais informações, acesse MeioNorte.com

Leia Mais


Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES