'Muro já': separatistas do Sul aplaudem Zema e exigem separação do país

A iniciativa de formar uma frente política que defende o "protagonismo" dos estados do Sul e Sudeste, recentemente anunciada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tem sido apoiada por grupos que advogam pela separação definitiva entre as regiões Sul e Norte do Brasil.

Em uma entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" no último domingo (06), Zema revelou a criação do novo Consórcio Sul-Sudeste (Cossud) e usou a metáfora de um produtor rural que favorece vacas produtivas em detrimento das que produzem pouco para comparar as regiões do país. As primeiras seriam representadas pelos estados do Norte e Nordeste, enquanto as últimas pelos estados do Sul e Sudeste.

As declarações, que causaram grande repercussão em Brasília, também têm gerado debates acalorados nas redes sociais. Uma imagem do mapa do Brasil com a frase "muro já" dividindo os estados do Sul e do Norte, acompanhada da mensagem "força Zema, apoiamos você", foi amplamente curtida e compartilhada no X (antigo Twitter), acumulando quase 10 mil interações.

Imagem compartilhada quase 10 mil vezes no Twitter junto a falas de Zema | Fonte: Reprodução

Um grupo separatista paulista, em sua página no Facebook, reagiu à entrevista do governador ultraliberal com a seguinte afirmação: "Já passou da hora de pensarmos na possibilidade de independência dos Estados do Sul e Sudeste. Chega de pagar a conta de Estados que não querem nada a não ser sugar até a última gota de sangue de quem trabalha e produz." O grupo também compartilhou um link para a entrevista.

Constituição adverte

Contudo, vale ressaltar que a Constituição Federal brasileira não permite a independência dos estados.

Diante da questão sobre o apoio de movimentos separatistas às declarações de Zema, o governo de Minas Gerais respondeu com um tweet em que o governador afirma que "a união do Sul e Sudeste jamais será para diminuir outras regiões".

O debate em torno do separatismo ganha impulso também em relação a um mapa do Brasil que circula em grupos no Telegram, excluindo completamente os estados acima de Minas Gerais, e acompanhado por hashtags que advogam pela independência do Sul do país.

Mapa compartilhado nas redes sociais exclui parte do territorio nacional | Fonte: Reprodução

Nesse contexto, movimentos separatistas compartilham a fala de Zema em defesa do que chamam de "Brasil do Sul" ou "Confederação Sul-Sudeste" – uma proposta de divisão política definitiva no país.

Movimento separatista

Nãna Freitas, presidente do Movimento "O Sul é o Meu País", que há quase três décadas defende a separação de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná do restante do Brasil, destaca a compatibilidade de suas bandeiras com as falas de Zema: "A bandeira deles é uma das nossas há 31 anos."

Freitas ressalta que sua organização busca agir de maneira democrática e dentro das possibilidades constitucionais. O primeiro artigo da Constituição estabelece a República Federativa do Brasil como a união indissolúvel de Estados, Municípios e do Distrito Federal. O pacto federativo é um princípio fundamental da Constituição e só poderia ser alterado mediante a promulgação de uma nova Carta Magna.

Estados do Sul

Zema explicou ao "Estadão" que os governadores do Sul e Sudeste estão se unindo para buscar um "protagonismo" político e econômico no Congresso Nacional. A formação do Cossud visa defender a região contra o que o governador considera um tratamento privilegiado para outras áreas do país.

Zema destaca a criação de um fundo para as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, questionando a ausência de medidas semelhantes para o Sul e Sudeste. Ele enfatiza que é necessário tratamento igualitário para todas as regiões e que a intenção não é diminuir outras partes do Brasil.

O governador observa que Sul e Sudeste representam 56% da população e 70% da economia do país, porém, até agora, têm agido de forma desarticulada no Congresso. Zema destaca a necessidade de união para impulsionar os interesses da região.

Apoio às declarações de Zema também veio do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB-RS), que enfatizou a importância da unidade para fortalecer o Brasil como um todo. Leite esclarece que as palavras do ultraliberal não estão relacionadas a uma frente de estados contra estados ou região contra região.

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