Cinthia Lages

Notícias Direto de Brasília

Dia de Finados: 5 momentos em que a morte mudou a política brasileira

Do suicídio de Getúlio Vargas à eleição de Raquel Lyra para o governo de Pernambuco, o luto tem forte influência sobre o voto dos eleitores

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Em uma campanha eleitoral, a  morte, sobretudo aquelas trágicas,  é uma variável importante que costuma impactar os resultados eleitorais. O Brasil tem inúmeros exemplos: o mais recente ocorreu na disputa pelo governo de Pernambuco e influenciou na eleição da governadora Raquel Lyra.O blog lista este e outros episódios com desfechos surpreendentes em vários momentos da vida política brasileira.

Funeral e posse  

As eleições para o governo de Pernambuco são acirradas. Em 2022, pela primeira vez na história, as pesquisas traziam duas muheres liderando a disputa na reta final. Marília Arraes Solidariedade)  ainda levava vantagem sobre a concorrente, Raquel Lyra (PSDB).  Segundo o IPEC, a nete de Miguel Arraes aparecia com 38% das intenções de votos, quanto Lyra e outro candidat, Miguel Coelho, tinham 17%.  No dia da eleição, o marido da candidata do PSDB  Fernando Lucena morreu vítima de  um infarto fulminante.

Raquel ficou com 20% dos votos e foi para o 2º turno com a concorrente, que cometeu um erro estratégico que lhe custaria a eleição. Devido ao luto, a oponente protocolou um pedido no Tribunal Superior Eleitoral para adiar o início do horário eleitoral, o que foi negado pela equipe de Marília. O eleitor condenou a falta de sensibilidade e Raquel, é governadora de Pernambuco.

Getúlio Varga- O presidente brasileiro  suicidou-se no dia  24 de agosto de 1954. Uma crise política foi agravada com a informação de que os militares exigiam o seu afastamento do cargo. O governo estava fragilizado e havia a ameaça de golpe desde o atentado da rua Toneleiros, que tinha como alvo o jornalista Carlos Lacerda, que escapou. Mas o episódio resultou na morte do major da Aeronáutica Rubens Paiva e teve participação de integrantes da guarda pessoal de Vargas. O suicídio comoveu o país, que ouvia pelo rádio, a leitura da carta deixada pelo presidente. O luto contribuiu para evitar o golpe que parecia certo àquela altura.

Carta-testamento

"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço de seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha". 

O Desastre da Cruz do Cassaco

Demerval Lobão (PTB) e Marcos Parente (UDN)  - Os deputados federais piauienses eram candidatos das Oposições Coligadas ao Governo e ao Senado,  na campanha eleitoral de 1958. Os dois foram vítimas de um acidente de trânsito, na BR-316, que deixou 11 mortos e 10 feridos. Ambos voltaram de um comício no interior quando ocorreu o acidente que mudaria a campanha e o resultado das eleições. Até àquela altura, o governador Pedro Freitas,

A comoção com a tragédia beneficiou o deputado federal Chagas Rodrigues, que assumiu a candidatura ao governo, enquanto o  comerciante Joaquim Parente, irmão de Marcos Parente,  que sequer morava no estado,  foi indicado para a chapa ao Senado. A disputa foi acirrada com a chapa liderada pelo então governador Pedro Freitas mas, naquele ano, a oposição levou a melhor.

JK : morte por acidente ou assassinato? 

Juscelino Kubitschek morreu em um acidente na Rodovia Presidente Dutra,  na altura do km 165 da rodovia Dutra, perto de Resende (RJ). Ex-presidente da República,o  fundador de Brasília perdeu os direitos políticos ao ter o mandato cassado durante a ditadura militar. Um dos maiores críticos dos militares, JK perdeu a vida em um período conturbado da vida política do país. Há muitos questionamentos sobre a morte do politico. Em 2013, a Comissão Municipal da Verdade de São Paulo concluiu que o motorista que conduzia o veículo, Geraldo Ribeiro,  foi assassinado com o tiro na cabeça. A exumação comprovou um ferimento compatível mas, para os peritos, teria sido provocado pelo pino do caixão.

Os defensores da teoria de que JK foi vítima de atentado político partem do fato de que as atividades dele eram monitoradas pelos militares e ele era considerado uma ameaça política. Na época, ditadores da América Latina se uniram na Operação Condor, que perseguia adversários.

Tancredo Neves: agonia e morte em 39 dias

Primeiro presidente eleito após a ditadura militar,  o mineiro Tancredo Neves não chegou a ver a Democracia brasileira dar seus passos iniciais. Sete  cirurgias e diversos  procedimentos médicos tentaram, sem sucesso, salvar a vida do presidente eleito , que morreu no dia 21 de abril de 1985. A eleição, feita por um colégio eleitoral marcaria a transição já que o Congresso, sempre ele, rejeitou a Emenda das Diretas Já, do então deputado Dante de Oliveira. Na véspera da  posse, em 15 de março, ele foi internado para a cirurgia de retirada de um divertículo de Merckel infeccionado. A posse interina do vice, José Sarney, foi marcada por tensão, já que o então presidente militar, João Figueiredo negou-se a cumprir o rito de posse. Sarney  foi empossado na Presidência da República. Sem a popularidade de Tancredo, enfrentou muitos problemas de ordem econômica, com inflação galopante e endividamento do país.

Eduardo Campos 

O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) era ocupava o 3º lugar na disputa pela Presidência da República, nas eleições de 2014, quando morreu, vítima de um acidente aéreo na cidade de Santos (SP). Campos era considerado um nome em ascensão após o bem sucedido governo, o político rompeu a aliança histórica com o PT, que tentava reeleger Dilma Rousseff, e lançou-se na disputa.  Surgia a  corrente que começava a ser conhecida no país, o”eduardismo”. A morte de Campos foi cercada de teorias da conspiração contra a candidatura petista, mas todas as investigações comprovaram o acidente aéreo, mas a tragédia impactou a campanha. Marina Silva, então vice na chapa do PSB, assumiu a chapa. Após a oficialização da candidatura, as pesquisas indicavam  a ex-ministra do Meio Ambiente no governo Lula , liderando  a corrida presidencial. No final, o 2º turno foi disputado entre Dilma e o candidato do PSDB, Aécio Neves, que superou Marina.



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