Governador de SP abraça bolsonarismo e defende operação policial sangrenta

“Não existe combate ao crime sem efeito colateral”, justificou Tarcísio sobre mortes em ação da PM

Combate contra os mais pobres | Agência O Globo
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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), intensificou seu alinhamento com o bolsonarismo ao liderar uma operação policial no litoral paulista, em resposta ao assassinato de um soldado da Rota, que resultou em pelo menos 14 mortes até a tarde deste terça-feira (01).

Após uma ação policial marcada por grande violência, Tarcísio defendeu enfaticamente a atuação das forças de segurança, apesar das alegações de excessos nas ações, e argumentou que o combate ao crime inevitavelmente traz consequências, referindo-se às mortes.

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Além de prestar homenagens à polícia, uma das principais bases do bolsonarismo, Tarcísio organizou um evento na terça-feira que lotou o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, para celebrar a secretária de Políticas para a Mulher, Sonaira Fernandes, figura da administração estadual mais associada à base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O governador também convidou a economista Martha Seillier, mãe da filha do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e nomeada para o comando do escritório da InvestSP nos Estados Unidos.

Enquanto enfrenta pressões dos bolsonaristas por mais cargos e recursos, Tarcísio tem adotado gestos que agradam sua base de apoio.

Ao justificar a intervenção policial na Baixada Santista, o governo paulista declarou na segunda-feira que a ação da PM foi uma resposta proporcional às agressões sofridas. Na terça-feira, Tarcísio reiterou seu apoio firme à corporação, refutou críticas sobre supostos excessos cometidos pelos policiais e reforçou o compromisso de sua administração com o combate ao crime.

O governador também expressou descontentamento com a atuação da ouvidoria da polícia, que tem relatado um número maior de mortes e divulgado acusações de conduta violenta por parte dos PMs.

"Estamos diante de um cenário de conflito, com o crime organizado lutando para manter seu território, enfrentando uma grande pressão e retaliando. No entanto, o combate ao crime não ocorre sem efeitos colaterais. Peço desculpas, mas é a realidade", afirmou à imprensa.

Operação Escudo

Na sexta-feira (28), a polícia lançou a "Operação Escudo" em Guarujá, no litoral paulista, em resposta ao assassinato de um policial da Rota durante patrulhamento na região. A operação, planejada para se estender até o final do mês, tem como objetivo combater o tráfico de drogas e o crime organizado.

Tarcísio assegurou que as imagens das câmeras instaladas nos uniformes dos policiais serão incluídas nos inquéritos. Ele também prometeu manter as câmeras nos uniformes dos policiais, apesar das pressões de membros da "bancada da bala" para sua remoção.

O governador criticou a ouvidoria da polícia e questionou a veracidade das denúncias apresentadas. "Chegam relatos de que 'tantas pessoas morreram'. Eles nem sabem o que aconteceu. 'Ah, tenho informações de que mais pessoas morreram'... Isso é falso, não há dados corretos, não estão interpretando corretamente o que está registrado nos boletins de ocorrência", explicou Tarcísio. "Estamos agindo com total transparência. Há inquéritos para investigar todos os casos", completou.

O bolsonarista enfatizou que sua gestão não almeja "mortes ou confrontos". "Sinceramente, isso não é desejado por ninguém, não é positivo para nós", afirmou. "Entretanto, não iremos nos esquivar de enfrentar o crime. Não iremos recuar, e peço respeito à corporação, aos policiais do Estado. Pois sempre há essa narrativa...", acrescentou, dirigindo-se à imprensa. 

Elogios do reduto bolsonarista

Nas redes sociais, Tarcísio recebeu muitos elogios de perfis bolsonaristas após sua defesa incisiva da ação da PM. No Twitter, Bolsonaro compartilhou uma notícia sobre os ataques de criminosos contra PMs em Santos, questionando: "Os comparsas da facção irão se manifestar?". Na segunda-feira, o ex-presidente criticou as declarações dos ministros Flávio Dino (Justiça) e Silvio de Almeida (Direitos Humanos), que questionaram a letalidade policial.

Oposição em ação

As bancadas do PT e do Psol na Câmara dos Deputados, em São Paulo, exigiram uma investigação rigorosa sobre a ação policial no litoral e a manutenção das câmeras nos uniformes dos policiais. Erika Hilton (Psol-SP) enviou um ofício ao governo e à PM solicitando detalhes sobre o ocorrido e comprometendo-se a acompanhar o caso.

"É hora de articular, pressionar e lutar para que Tarcísio de Freitas compreenda que massacres não devem ser celebrados, mas sim condenados, assim como devemos condenar a morte do policial", escreveu a parlamentar.

Deputados do PT e do Psol também usaram as redes sociais para afirmar que a postura de Tarcísio em relação à atuação policial visa agradar eleitores bolsonaristas, contrastando com a imagem moderada que aliados têm divulgado. "É lamentável a atitude de Tarcísio em usar a chacina para agradar a base eleitoral bolsonarista, que parece ter perdido qualquer traço de civilidade", disse Ivan Valente (Psol-SP) na terça.

Nilto Tatto (PT-SP) comparou Tarcísio ao ex-governador do Rio, Wilson Witzel, conhecido por comemorar a morte de um sequestrador em 2019 e por instruir a PM carioca a "mirar na cabecinha" dos criminosos. "Hoje, o Estado de São Paulo tem seu próprio Wilson Witzel".

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